8 de junho de 2012

Garcia de Resende



Garcia de Resende, nasceu a  1470 Évora e morre em Évora em 1536.
De origem nobre, pertencia à mesma família que André de Resende e André Falcão de Resende.
Manteve-se ligado à corte, tendo sido, desde 1490, moço de câmara e secretário particular de D. João II. Homem próximo do rei D. Manuel, foi encarregado por este de várias missões, incluindo a de secretário da embaixada enviada a Leão X, sob a chefia de Tristão da Cunha. Quando voltou, D. Manuel nomeou-o fidalgo da sua casa e escrivão do príncipe D. João, futuro Rei.
Garcia de Resende foi um hábil desenhador e arquitecto. Durante muito tempo pensou-se que teria desenhado uma custódia, que hoje se atribui a Gil Vicente, e elaborou o plano da sua capela tumular no mosteiro do Espinheiro. Desenhou também o plano de uma fortaleza que D. João II pensou construir em frente à torre da Caparica, mas que posteriormente veio a ser a Torre de Belém. Foi também responsável por delinear as festas do casamento do príncipe D. Afonso.
Compilou o célebre Cancioneiro Geral de 1516, também conhecido como Cancioneiro de Garcia de Resende. A obra reúne mais de mil composições em português e castelhano de cerca de 286 poetas palacianos da época. Nesta obra também se encontram reunidas uma série de produções suas, principiadas com a famosa questão «Cuidar e Suspirar», debatida na corte de D. João II em 1483, por causa de D. Leonor da Silva, dama muito requisitada.
Garcia de Resende escreveu outras composições poéticas como as Trovas à Morte de D. Inês de Castro, tema da poesia lírica por ele inaugurado. Grande admirador de D. João II (que acompanhou até à sua morte), escreveu Vida e Feitos de D. João II (1533), para o qual aproveitou grandemente a crónica de Rui de Pina, e que vale, sobretudo, pela vivacidade do retrato do monarca.
Foi ainda autor de uma Miscelânea e Variedade de Histórias (1554), esboço histórico da vida nacional e internacional do seu tempo, escrito em verso. No conjunto, a sua obra escrita é de extrema importância para o conhecimento da época, já que nos descreve com elevado detalhe os usos, costumes, trajos, cerimónias, convívio e relações sociais. A sua última obra foi o Sermão dos Três Reis Magos, que compôs já no último ano da sua vida, para se confortar do desgosto que os frades do Espinheiro lhe causaram nas frustradas negociações para a missa quotidiana na capela que fizera erigir.
Escreveu cedo o seu testamento, deixando expressa a sua vontade de ser erigida uma capela em honra de N.ª S.ª do Egipto, perto do mosteiro do Espinheiro, para lá ser sepultado.Com a extinção das ordens religiosas, a capela foi violada, sendo a sua pedra tumular vendida. Durante muitos anos esta pedra serviu de tampo de mesa numa casa particular, até ser recuperada e devolvida ao mosteiro do Espinheiro em 1903.



Frederica Rodrigues - Para vender, comprar ou arrendar em Portugal