25 de janeiro de 2013

Sítio arqueológico do Outeiro do Circo em Beja alvo de “ato de vandalismo”


 


" O sítio arqueológico do Outeiro do Circo, no concelho de Beja, foi alvo de um ato de vandalismo, que expôs a intempéries uma zona da área escavada, provocando danos, disse à Lusa um responsável científico do projeto.
O ato de vandalismo detetado no passado mês de novembro no sítio arqueológico, um povoado fortificado do final da Idade do Bronze, entre 1 200 e 800 a.C., situado numa área de 17 hectares que abrange as freguesias de Mombeja e Beringel, terá sido praticado por curiosos, que visitaram a zona escavada, admitiu o arqueológo Miguel Serra.
Ao dirigirem-se à zona, a sondagem 1, com cerca de 48 metros quadrados e que tinha sido escavada entre 2008 e 2011, os curiosos removeram, sem destruir, a manga plástica que cobria e protegia parte da área e estava segura por pedras e terras, que também foram removidas, explicou.
Os curiosos tinham algum conhecimento do que iam ver e terão removido as proteções para ver as escavações, porque fizeram e destaparam exatamente o mesmo que os responsáveis científicos do projeto costumam fazer quando promovem visitas ao sítio, disse.
O problema foi que não tiveram o cuidado de recolocar as proteções e uma área considerável da zona escavada ficou exposta a intempéries, o que provocou o aluimento de um troço de perfil de quatro metros de comprimento no topo sul da sondagem 1, provocando danos na muralha, explicou.
O ato de vandalismo provocou também uma linha de fratura no solo, com cerca de dois metros, junta à área escavada, o que coloca em risco a aproximação de pessoas ao local e pode provocar novo aluimento, frisou.
Todos os vestígios arqueológicos encontrados na área escavada já tinham sido removidos, mas a situação provocou a destruição de informação arqueológica, que pode ser recuperada, através de novas escavações, disse.
Segundo Miguel Serra, os responsáveis do sítio comunicaram a situação à Câmara de Beja, à qual pediram apoio para limpar a área afetada e colmatar os danos provocados.
No dia 9 deste mês, disse, funcionários da Câmara de Beja limparam a área, recolocaram a manga plástica de proteção e colocaram estacas à volta da zona ligadas por fita sinalizadora, para assinalar a localização da sondagem por questões de segurança.
A suspensão das escavações no sítio, em agosto de 2011, devido à falta de apoio financeiro da Câmara de Beja, o principal parceiro, coloca alguns problemas na área escavada, que foi provisoriamente selada, na expetativa do recomeço das escavações em 2012, o que não aconteceu, disse.
Se não for possível reunir, junto da Câmara de Beja, apoios para continuar o projeto e as escavações continuarem suspensas, terá de se proceder à selagem definitiva da área escavada, para a proteger e evitar outros atos de vandalismo e danos e garantir uma maior segurança do local, defendeu.
O sítio do Outeiro do Circo, conhecido há 300 anos e que começou a ser estudado nos anos 70 do século XX, é extraordinário e destaca-se pela dimensão extremamente invulgar, disse, referindo que os grandes povoados fortificados da mesma época conhecidos no sudoeste da Península Ibérica têm uma média de quatro a cinco hectares."

In Diário do Alentejo




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